Mar.

abril 10, 2005

Projecto Mar – Possíveis faróis

Enquanto o Hugo torcia a face como plasticina projectando ritmos, odores e desejos (tudo só com uma guitarra), acompanhei-o com o teclado do computador (sem pensar muito, a desejar muito) e saiu-me isto-em-poucos-minutos:

I

Se a esperança é o vazio,
Sou um gato fundo, sem rabo.
E o amor que golas tem no escuro?
Caminho até encher, até rebentar de tudo tão intenso,
De tudo tão duro, de tudo tão duro por tão tudo, imenso.

Se já nem os espelhos esperam,
Sou a minha própria sombra, eu dilacerado pela luz.
Como quero e sei ser.

Como luz-luz de luto.

E a esperança – é o holofote - num luzirão de camélias.


II

Lembro.
Como recordo as fotos que rasgaste.

Fazia malabarismos. Silêncios, Medos e Vontade de voar
Janela fora. Três bolas coloridas de trás para a frente,
Em cima, no chão.

Mas foi tudo lento-gota a lento-gota,
Porque as guelas soltaram ar, livraram sal, exalataram griiiiiiiiiiiiiiiiiiiitttttttos.
Quanto pesa tanto sul?
Porque perdes tantos sim’s.?

Lembro.E tudo descarrilou borda dos sonhos fora. No Bordel dos sonhos hora.


III

Repare-se na sibilante do golfinho quando expressa
Corporalmente a expressão “impulso, salto, mar-afora, queda, mar-adentro”.
Como o seu movimento é ponto final com toda a beleza.

O agitar circular das águas cria um alvo de desejo
círculos dentro dos círculos
o agitar circular convida mergulhos impossíveis.
E eu gostava que gostasses assim: tudo em mim.


IV

No rótulo escreveu-se:

Jardim com flores e janelas.
Janelas com flores e vista para o Mar.
Mar com flores e peixes a brincar.
Brincadeiras com flores e amizade dentro delas.

Do rótulo li.Bebi.

1 ondas:

Enviar um comentário

<< Home